O homem primitivo e as diversas religiões
A humanidade sofreu uma mudança brusca há aproximadamente 25 mil anos. Foi quando deixou seu estado selvagem e iniciou seu processo de organização em comunidades. Em diferentes regiões do planeta há indícios deste fato, foi quando o homem começou a semear, a construir abrigos, a desenvolver a arte, as ciências e a dedicar-se a espiritualidade.
Em todas as culturas do mundo, a espiritualidade e a religiosidade sempre se manifestaram como o acesso da consciência a uma dimensão ampliada e superior, contactando a energia sagrada criadora do universo. A humanidade, ao longo dos séculos, buscou este contato com o divino através da utilização de várias plantas sagradas com propriedades enteógenas, as quais proporcionam conhecimento e ensinamento durante o processo de transe.
Plantas com essas propriedades são chamadas de Plantas Mestres, Plantas de poder, Plantas sagradas ou Plantas enteógenas. Enteógeno é uma palavra de origem grega que significa “origem divina” (Theo = Deus, Gên(esis) = Origem)
Foi a partir dessa busca pelo espiritual, que o homem primitivo iniciou seu desenvolvimento. Através da experimentação, o homem conheceu novos alimentos e medicamentos e ao experimentar o consumo de certos vegetais enteógenos pela primeira vez teve contato com o Divino. As plantas sagradas lhes permitiam ascender a estados superiores de consciência, a ter visões e contatos espirituais nunca antes vistos. Foi a partir desse descobrimento que as doutrinas espirituais, bem como as religiões foram surgindo e constituindo-se.
Estas experiências místicas, permitiram ao homem primitivo ascender a dimensões espirituais antes desconhecidas e assim foram se configurando as diversas divindades e religiões, sempre ao redor de um conceito religioso, de um Deus ou de várias divindades, baseadas nas revelações proporcionadas pelas plantas enteógenas.
O ser humano tem dentro de si, a divindade, o sagrado. Deus, que é a energia criadora da vida, está presente em todos nós, por ser o principio fundamental da Vida.
Na memória do nosso organismo ,contida no DNA, está toda a informação acerca da origem do homem e sua evolução. Os enteógenos permitem uma conexão com a informação genética e nos conectam com nosso Deus e mestre interior.
Todas as culturas antigas fazem referencia ao legado deixado pelos deuses, que lhes ensinaram várias ciências até então desconhecidas pelo homem, como a agricultura, a medicina, a astronomia entre muitas outras.
Os enteógenos estão presentes em todas as antigas culturas e suas religiões
Os xamãs siberianos, das etnias kamchadales, chuckis y koriaks, ingeriam o cogumelo Amanita muscaria para poder contactar os espíritos durante suas cerimônias religiosas. Os sacerdotes da Índia antiga utilizavam a bebida sagrada Soma, que, nos vedas era mencionada como o “licor da vida” ou o “Néctar da imortalidade.”
Similar participação protagonizaram os gregos, os iniciados de Eleusis, lugar do santuário da deusa Demeter, que bebiam o Kikeón.
Na África, Gabão e os países limítrofes com este, os Bwiktis adoram o Deus Nzame, que, através dos mortos, lhes presenteou seu sangue divino no extrato alucinógeno da planta Iboga.
Na Pérsia antiga os seguidores de Zoroastro ingeriam o Haoma, bebida feira a partir de sementes de Arruda da Síria (Peganum Harmala).
No nordeste brasileiro, índios, negros e cablocos bebem cerimonialmente o “vinho da jurema” em seus rituais religiosos. Esses rituais deram origem a religiões tipicamente afro-brasileiras, como o Catimbó e a Umbanda, entre outras.
Na antiga China, o imperador Shen Nung, que escreveu o Manual Fitoquimico mais antigo que se tem conhecimento em nossos dias (há mais de 4000 anos) mencionava várias bebidas que induzem ao transe espiritual.
Os antigos Taoistas adoravam o Ling Chih, conhecida por eles como a planta visionária da imortalidade.
No antigo testamento se faz referencia ao Maná, o alimento sagrado que os conectava com Deus, durante o êxodo do povo judeu até o Egito. Época de muitas visões e contatos com Deus e seus anjos.
A arvore do conhecimento, mencionada na Blibia Sagrada, é uma clara alusão ao fato de que o consumo de uma planta pode abrir as portas do conhecimento.
Na região amazônica, seus antigos habitantes utilizavam a Ayahuasca para experimentar um estado extraordinário de consciência, que lhes permitia comunicar-se com seus antepassados, com os espíritos das plantas e dos animais, descobrir novos medicamentos para a comunidade e devolver a saúde aos doentes.
Nas antigas culturas mexicanas existe uma ampla variedade de plantas utilizadas em seus cultos, como o Peyote, a Salvia divinorum, El toloache (datura stramonium), El teonanacatl (cogumelo sagrado Psilocybe cubensis), El ololluqui (Rivea corymbosa), o cacto sagrado San Pedro, entre muitas outras, que foram utilizadas pelos antigos Maias, Incas e Astecas.
Infelizmente, em algumas culturas, a identidade e o ritual com plantas sagradas foram perdidos ou escondidos. Alguns rituais foram mascarados por cerimônias mortas e o contato com o sagrado foi esquecido durante milênios. Em algumas culturas, as plantas sagradas foram substituídas por outras plantas, como o Vinho dos Romanos e a Cerveja dos Vikings, por exemplo. Apenas poucas culturas conseguiram manter viva a chama do segredo das plantas sagradas.
Os compostos contidos nos enteógenos usados com fins religiosos de revelação e transcendência, ou com fins terapêuticos, são totalmente opostos a outros tipos de substancias psicoativas usadas como meros estimulantes ou como narcóticos, que além de causar vicio e dependência, destrói a saúde e a psique de quem as consome, drogas como a cocaína, o crack, a heroína, etc... Segundo estudos recentes foi comprovado que, quando utilizados com sabedoria e da maneira correta, os enteógenos são extremamente eficazes na cura de dependentes químicos e na resolução de problemas psíquicos e emocionais.
O efeito curativo das plantas sagradas é muito amplo, pois atuam de forma diferente das outras plantas medicinais conhecidas. Limpam o corpo, a mente e o espírito, fazendo com que a pessoa participe ativamente do processo de cura. Isso faz com que as defesas do nosso organismo atuem conjuntamente com nossa mente. Cada pessoa reage de maneira particular ao efeito das plantas, segundo suas próprias necessidades. É o espírito da planta que decide quando e como se dará o processo de cura, seja esta física, psicológica ou espiritual.
Um enteógeno nunca deve ser usado com fins recreativos ou em lugares inadequados, isso provoca e ofende o espírito da planta, que reage e castiga a atitude profana do usuário.
Uso religioso
Atualmente existem várias religiões constituídas que utilizam Plantas Sagradas em seus cultos: as religiões sincréticas amazônicas do Brasil, onde a bebida sagrada é chamada de Santo Daime. Destas, as que tem maior número de membros são: O Santo Daime e a União do Vegetal. A igreja nativa americana, dos indígenas norte americanos, utiliza o cacto peyote em seus cultos e a os Bwikti, povo nativo da áfrica que utiliza o extrato de iboga, cujo efeito pode durar até 3 dias.
As Plantas de Poder aumentam a percepção, a acuidade visual e auditiva, e transportam o praticante para outras camadas vibracionais ou dimensões. A experiência é individual, algumas pessoas tem visões, outras canalizam mensagens, fazem regressões, recebem insights, recebem soluções para seus problemas com maior claridade, percebem as causas de suas doenças, recebem cura, se conectam a arquétipos, aos mitos, aos medos, traumas, símbolos que estão no inconsciente coletivo, visualizam entidades, viajam astralmente, etc..
O uso ritualístico de Plantas de Poder, proporciona, sem dúvida, uma experiência místico-religiosa de beleza incomparável, proporcionando o samadhi, o êxtase, o nirvana, o encontro com o Eu Superior, o transe.
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